quinta-feira, 29 de março de 2012

A volta do Urubu-Rei

Muito tem se falado do retorno do filho pródigo Adriano, centroavante polêmico e problemático, porém sabidamente rubro-negro, carismático e de características atléticas (e técnicas) praticamente únicas no atual contexto do futebol brasileiro.


Como torcedor grato, sobretudo pelo que ele fez no Brasileirão de 2009, quero acreditar na volta por cima do Imperador, não obstante reticente ante a realidade escancarada no último time que vestiu a camisa.


Mas, hoje, utilizo o espaço dessa coluna para homenagear um guerreiro egresso de São Paulo e que rapidamente adotou o Manto Rubro-Negro como sua Pele, honrando-o por mais de 225 jogos (até o momento) e sendo decisivo, com sua potente canhota, em várias conquistas como a Copa do Brasil de 2006 e o Carioca de 2007: RENATO ABREU.


Se é verdade que, por um lado, ele já não se encontra do auge do vigor físico e que sua média de gols no Flamengo diminuiu após seu retorno do mundo árabe em 2010, devemos considerar que, além de mais velho, ele passou a ser escalado como segundo volante.


Mas, principalmente, devemos reconhecer que nunca, em momento algum, o guerreiro Renato negou RAÇA, AMOR e RESPEITO à NAÇÃO.


Pelo contrário, é dos mais disciplinados, dos que mais treinam (inclusive depois do horário regulamentar) e dos que mais se dedicam aos companheiros de elenco e ao esquema tático, mesmo quando em detrimento de sua característica marcante, que é o chute, comumente mais viável aos meias avançados.


Se alguns o acusam de "peladeiro" e "acabado", tento respeitar e até entender, mas absolutamente não concordo.


Além do caráter e da identificação com nossas cores, ele ainda é útil, principalmente por sua liderança positiva, e (não raramente) decisivo, em especial por sua precisão nas bolas paradas e chutes de longa distância, tão fundamentais para furar retrancas e salvar o Mengão em partidas truncadas ou decididas nos detalhes.


Como exemplos da fase mais recente, ora facilmente lembrados, temos os gols em 2010, contra o Fluminense (no eletrizante empate de 3 a 3) e contra o Guarani (reta final da luta contra o rebaixamento), além dos marcados nos jogos de 2011, contra o Corinthians (despedida do Pet), contra o São Paulo (3 a 1 no Morumbi) e contra o Vasco (empate que classificou o Mengão para a Libertadores, enterrando as chances de título do rival cruz-maltino).


Ademais, ainda a propósito de algumas pesadas críticas a ele, o guerreiro Renato Abreu nunca foi fora de série e tampouco tentou vender essa imagem para a mídia ou para os torcedores. Por isso, a bem da justiça, devemos cobrar jogadas clássicas e geniais de quem já demonstrou poder fazê-lo, como o R10, não do Renato.


A ele, Renato Abreu, a Nação deve mais uma vez abrir os braços após a recuperação de sua inopinada arritmia cardíaca, bem recebendo-o como ídolo que logrou se tornar: um ídolo da raça e do compromisso com as nossas cores.


Assim como Léo Moura, Renato tem história no Mengão - uma bonita história - e merece toda PACIÊNCIA, GRATIDÃO e APOIO das arquibancadas. Ele voltará ainda mais motivado e, se utilizado da melhor maneira pelo Joel, ainda pode nos dar grandes alegrias, quem sabe já nessa Libertadores da América...


Boa sorte e seja bem-vindo, Urubu-Rei!!!

quarta-feira, 28 de março de 2012

Resumo da Ópera: Olimpia vs FLA

OLI 3 x FLA 2


O Flamengo perdeu nos detalhes, ou melhor, perdeu em pontuais falhas de marcação, um jogo importante, no qual estava focado e não chegou a jogar mal.


Apesar da habitual raça e correria do Willians, em vários setores do campo, faltou, em minha concepção, um terceiro zagueiro ou cabeça de área mais fixo, desde a sobra até a entrada da área, protegendo a defesa.


E isso não é a característica dos meninos Muralha e Luiz Antônio, os quais, ademais, apesar de terem ótimo potencial, ainda não possuem experiência para, sozinhos, aguentarem a barra da meia defensiva em um jogo dessa natureza.


Tanto é que, visivelmente, além de não terem proporcionado efetiva proteção à zaga, mostraram inconstância em vários momentos do jogo, inclusive errando passes simples. Têm futuro, é claro, mas foram lançados juntos hoje, por necessidade, ante a ausência dos lesionados Maldonado e Renato Abreu. Que venha o Cáceres, infelizmente não para a Libertadores.


Do ponto de vista ofensivo, o Flamengo não foi inteligente como deveria, ao, sob forte ferrolho paraguaio, afunilar o jogo, explorando timidamente seus dois laterais, os quais, em um esquema com três zagueiros ou com a defesa mais plantada, poderiam tornar-se mais soltos e perigosos, numa réplica do manjado, mas eficiente, esquema que Joel Santana utilizou na arrancada do Brasileirão de 2007.


Por fim, nota de louvor à movimentação sempre positiva do Love, tentando, mesmo um tanto ou quanto isolado, dar opções de passe para os não muito inspirados Ronaldinho e Bottinelli, não obstante estes dois últimos terem, em lampejos, sido responsáveis por uma assistência e um belo gol à distância, respectivamente.


Quanto ao R10, aliás, longe das noitadas do Rio (ao menos desde segunda), correu um pouco mais, limitando-se, porém, a proteger a bola e tentar passes desde o setor esquerdo do campo, o que, além de abaixo de sua capacidade técnica, faz os amantes de futebol terem saudades daquele jogador insinuante, que jogava de forma horizontal e partia para cima de seus marcadores, abrindo as defesas com uma incomum criatividade.


Para nós, rubro-negros, resta sonhar que R10 e Cia. acordem a tempo de reagir na Libertadores, evitando o pesadelo de uma eliminação prematura.

domingo, 25 de março de 2012

O Espírito da Gávea


O técnico Joel Santana atribuiu a volta às origens, da Gávea, no treino de quinta-feira, como um dos fatores preponderantes para a vitória contra o Volta Redonda, jogando com menos um em campo a maior parte do tempo: "No Flamengo, é assim. Chorado, sofrido, suado. Quando levei o time para treinar na Gávea foi para voltar na nossa história, onde nascemos como clube."


Difícil saber em que medida a Gávea e a proximidade do burburinho carioca fez diferença na vitória, até porque o Ninho do Urubu já se faz imprescindível nos momentos que o time precisa de tranquilidade e de uma estrutura mais adequada de treinamentos, mas é certo que o espírito presente na citada Sede Social deve sim ser respeitado!


Primeiramente, porque todos que conhecem o Rio sabem que a Gávea tem acesso facilitado e faz o time ficar mais perto de sua massa torcedora, a maioria detentora de renda modesta.


Ademais, na Gávea, passaram tantos ídolos como Zizinho, Leônidas, Dida, Júnior, Zico e Romário... Lá eles deixaram plasmados, além de suor e lágrimas, a dedicação, a raça e o amor autêntico pelo Manto Sagrado.


Foi nas arquibancadas da Gávea, com gente "saindo pelo ladrão" (e quase caindo delas, como meu pai, então adolescente), que o compositor, político e então famoso locutor de rádio Ary Barroso, tocou sua gaitinha loucamente e literalmente largou o microfone da Rádio Tupi para comemorar o gol do (improvável) herói argentino Valido, que vindo de uma aposentadoria e de uma terrível orquite às vésperas da final, fez, de cabeça, nos minutos finais de um jogo dramático, o gol que liquidou o então perigoso escrete cruz-maltino, dando ao Mengão o primeiro tri-campeonato estadual.


Lá, o mesmo Ary, quando o Mengão estava ganhando e o final do jogo se aproximava, vibrava quando um zagueirão isolava a bola para além do acanhado estádio, gritando: "Bola na Lagoa... Deixa a bola na Lagoa..." (Lagoa Rodrigo de Freitas).


Pois é, hoje o futebol demanda estrutura e um equipado Centro de Treinamentos, como o do Ninho do Urubu em breve deve se tornar, mas o bom filho à casa torna e nunca é demais fazer uma visita, mesmo que de vez em quando, para sentir e entender as próprias raízes... Você está certo, Papai Joel... Que o espírito da Gávea, esquecido em 2011, possar inspirar elã e triunfos em 2012!!!

Sempre SÓ LOVE


Enquanto alguns atletas voltam da Europa e precisam de pelo menos seis meses para "se readaptar ao futebol brasileiro", Vagner Love, que é rubro-negro de fato, destaca-se, mais uma vez, como o jogador que mais luta, corre e produz em campo... Ontem, fez dois gols e, junto com Diego Maurício, definiu o jogo para o Mengão... Um autêntico jogador de "pele rubro-negra", como dizia o saudoso Leovegildo Júnior... E, pelo jeito, esse espírito está contagiando vários de seus colegas, alguns deles desde sempre rubro-negros como o Léo Moura e a (boa) garotada vinda da base... Nisso e no bom relacionamento do elenco com Joel Santana, que (críticas à parte) de bobo não tem nada, residem a esperança de o Mengão reconquistar a América 31 anos depois... Não é impossível, mas ainda faltam algumas coisas, como o R10 definir se o futebol e o Mengão ainda possuem alguma prioridade na vida dele...

A "cartilha" do Jairo e o policiamento da vida noturna de R10 e Cia.




No Mengão, mesmo após uma vitória na raça sobre o modesto Volta Redonda (4 a 2, com dois do ídolo V. Love), a polêmica da vez é o aniversário moteleiro de 5 dias, promovido por Ronaldinho Gaúcho (http://extra.globo.com/famosos/ronaldinho-gaucho-gasta-r30-mil-em-festa-de-cinco-dias-em-motel-4400261.html), e à quase pueril carta entregue pelo Gerente de Futebol, Jairo dos Santos, aos jogadores rubro-negros, pedindo que eles dormissem cedo e se entregassem às atividades propostas pela Comissão Técnica.


Em que pese não se tratar de "Cartilha", como vem chamando a imprensa, tal documento era necessário? Minha opinião: NÃO.


Mas seria necessária alguma atitude em sentido similar? SIM, sem dúvida alguma, mas na base da conversa e, preferencialmente, por um líder que conheça o perfil dos jogadores e tenha efetiva ascendência sobre eles. A reação jocosa (e desrespeitosa) de alguns jogadores, fazendo "gaivotas de papel", mostra que o tiro saiu pela culatra, enfraquecendo ainda mais o (já combalido) sentido de hierarquia dentro da instituição.


Na seqüência das "gaivotas", Ronaldinho Gaúcho, um dos ditos líderes do elenco rubro-negro, declarou que o Barcelona ganha tudo sem precisar de cartilha e que há um exagero sobre sua predileção pela noite, pois, segundo ele, "não costuma sair na noite anterior, ou faltando dois dias para o jogo".


Mas, então, Ronaldinho teria razão, mesmo que parcial? Os dirigentes, a torcida e a imprensa possuem, ou não, o direito de patrulhar a vida extra-campo dos jogadores de futebol?


Por um lado, é claro que há eventuais exageros nas cobranças. Os jogadores, mesmo os chamados "veteranos" (na faixa dos 30), são jovens, possuem desejos, energia, vontade de namorar, de bebericar umas e outras e se divertir.


Mas, assim, como a maioria das pessoas comuns, devem reservar para as folgas tais momentos de descontração, especialmente para as farras noturnas, que tantas vezes adentram as madrugadas.


Afinal de contas, o trabalho exige que estejam com o corpo em dia e em alto limiar de potência, o que a bebida e a falta de sono, sabidamente, minam.


E, nesse passo, não podem se incomodar com cobranças. Pelo contrário, devem se conscientizar que eles, jogadores de futebol dos grandes clubes brasileiros (cujo corpo deve ser um templo), ganham, em média, três ou quatro vezes mais do que empresários bem sucedidos, juízes, médicos e executivos de primeira linha.


Mas como sou empresário, em minha vida pessoal, devo admitir: a cobrança tem que vir mesmo das arquibancadas e da mídia, pois é muito difícil um patrão cobrar e, principalmente, punir um funcionário, por mais que ele seja displicente, se não remunerá-lo em dia. Mas pode demiti-lo...


E às quase sempre desorganizadas diretorias de clubes, especialmente a do meu Mengão, resta refletir e escolher, sem excessivas delongas, se vale a pena bancar super-salários àqueles que não respeitam o Manto e a Nação...


Nós, torcedores rubro-negros, não queremos santos (Zico, Júnior e, principalmente, o Zizinho, nada tinham de abstêmios), mas exigimos jogadores guerreiros e que tenham o mínimo de bom senso para se preservar ao ponto de não dormir, ou se arrastar, em treinos (e muito menos em jogos)...